quinta-feira, 14 de julho de 2011

Coisas da Aviação.

Há coisa de uns trinta anos, sempre num possante C-47, com alinhadas poltronas, e na companhia do meu eterno copila o Tenente Alcântara, conduzíamos uma comitiva de velhos senadores para um sobrevôo das áreas castigadas por outra daquelas desastrosas enchentes que atacam este nosso Rio Grande do Norte tão querido e tão paradoxal... Para privilegiados observadores qualquer martírio é perfeitamente suportável; já para o nosso sofrido povo nordestino... Ou chuva demais, ou seca demais... Visitando nossa cabine, estava uma "velha raposa política", muito inteligente, mas muito pouco “aculturado”. Tentava eu lhe explicar uma indagação sobre o que era HZ, Hora Zulu, GMT, horário único usado pelos pilotos no mundo inteiro. Mas o velho senador dizia que estava entendendo, mas na realidade não estava entendendo nada...
Era início dos vôos da bela águia Francesa, o Concorde. Aproveitei e disse-lhe, tentando tornar-me mais claro: -- Senador, imagine o senhor voando de Paris para Nova York, num Concorde, decolando ao meio dia. Após um sofisticado almoço, regado a um bom vinho francês e voando numa velocidade duas vezes supersônica, o senhor chegaria à Nova York novamente ao meio dia, compreendeu? --"Compreendi, Comandante, mas não entendi. Então vamos a outro exemplo; imagine-se num helicóptero que ficasse sobrevoando sempre um mesmo ponto, pairando no ar; ora, já que a terra gira, gira, gira sem parar, ao pousar, o senhor verificaria surpreso que estava num lugar bem distante daquele ponto, entendido? --” Agora, entendi “... Pois muito bem; agora outro exemplo; -- Voando de Recife para o Rio, o avião chega muito mais rápido que na volta, pois, como o senhor sabe, nosso planeta é redondo; na ida o avião vai descendo; na volta vem subindo..., no que o Alcântara não resistiu e deu uma tremenda gargalhada, dizendo:- - Pô, Maciel, essa nem eu sabia... Pois é Alcântara; são coisas da aviação, que nem o Santos Dumont sabia...
Coronel Maciel.

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