domingo, 24 de julho de 2011

FINS DE SEMANA EM BARBACENA.

Sábado era um grande dia na Escola Preparatória de Cadetes do AR, minha querida EPC do AR! – pois era o dia de licenciamento para 800 alunos, jovens de 14, 15, 16 anos, adolescentes que, após uma semana inteira de severa rotina; de estudos matemáticos, física, química, ordem unida, "sugatória”, o apelido das puxadíssimas seções de educação física -- eram liberados para "espairecer” um pouco na bela cidade das rosas; na bela Barbacena, "meu amor"... As rosas eram também suas "meninas", que não eram tantas para tantos alunos, e por isso mesmo disputadíssimas, tanto pelos alunos, como pelos rapazes da cidade... E o choque era inevitável... As brigas por “motivos passionais” eram muitas; renhidas lutas... “E as mulheres, como sabemos, conseguem transformar os homens em verdadeiras feras” rsrsr...
Estava eu tirando serviço “Oficial de Dia”, num daqueles dias frios de junho de 1966, quando fui informado que a coisa estava “esquentando” na cidade, pois um dos rapazes, filho de "tradicional família mineira”, estava de arma em punho ameaçando alguns dos "nossos”, na saída de um clube. Apaziguado os ânimos, encaminhamos o rapaz à sua casa, solicitando ao pai que levasse o menino no dia seguinte à Escola, pois seria instaurado competente "IPM" para apuração do caso... É bom lembrar que estávamos em plena “Ditadura” rsrsrsr...

Mas na realidade o Brigadeiro Camarão, Comandante de Escola, queria somente dar “um susto”, umas aulas de “bons costumes” para aquele, aliás, bom rapaz, um jovem de muito boa família Barbacenense. Naturalmente que os outros rapazes da cidade ficariam sabendo... As brigas estavam se repetindo perigosamente, e antes que alguma pior acontecesse, era melhor dar logo um bom susto na rapaziada... Mas tudo sem violências.
Pois muito bem. O “menino” passou conosco uma semana, hospedado no nosso cassino, quando lhe foi possível observar o quanto era diferente a rotina dos nossos alunos, comparado com a sua boa vida em casa... Seus pais estavam autorizados a visitá-lo, a hora que bem quisessem, de dia, de tarde ou de noite... Após uma semana de "aulas", de muitos conselhos, ele foi liberado "são e salvo”... O pai e a mãe quando foram recebê-lo -- por incrível que pareça -- muito nos agradeceram. E numa conversa informal eles me disseram das enormes dificuldades que tinham para educar aquele querido “filho único”, um tanto quanto rebelde... Um bom susto, umas boas palmadas, uns bons “puxões de orelha” – nos ensina mais que todas as escolas do mundo reunidas. Nos ensina a ser melhor ou pior ao mesmo tempo; nos ajusta aos limites o senso de justiça...

O Brigadeiro Camarão aproveitou para dizer aos agradecidos pais na saída do nosso “presídio” que nós também tínhamos alguns problemas para educar os “nossos" 800 filhos... E que educar “800 filhos” é muito, mas muito diferente que educar um filho apenas...
Um pai precisa ser muito esperto para saber que tipo de "filhos" ele tem em casa... rsrsrsr.



Coronel Maciel

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