terça-feira, 9 de agosto de 2011

SOMOS IGUAIS.


Lá pelos anos 80, quando eu servia como Major-Aviador no Primeiro Comando Aéreo Regional, em Belém do Pará, fui escalado para ver de perto o que os americanos estavam querendo descobrir na foz do Rio Amazonas... A missão ia ser realizada em uma aeronave do mesmo tipo que a FAB acaba de receber, o “P3-AM Orion”. E a minha “função a bordo” era a de tentar descobrir o que os americanos estavam tão interessados em saber o que havia na foz do nosso grande rio. Botos e jacarés eu sabia que não era...

Fui “ver de perto”, atendendo ao gentil convite das autoridades americanas. Mas, apesar de ter sido muito bem recebido pela tripulação, eu estava intrigado com o convite. O que eu ia realmente fazer à borda daquela tão bem equipada aeronave, pertencente à mais poderosa força aérea do mundo, anos luz na frente da nossa? – Mas ao mesmo tempo eu me dizia que em termos materiais eles podiam estar muito na nossa frente; mas não em  termos de pessoal.  Nesse ponto e naquela hora eu me sentia igual a eles... Só não podia ostentar as mesmas medalhas que eles ostentavam, tão somente porque eu não participara das tantas guerras que eles mesmos criam ao redor do mundo; tanto guerras em defesa da democracia; como guerras em defesa dos seus interesses particulares... E sendo assim não temos as mesmas oportunidades de mostrar os nossos valores; aquelas mesmas oportunidades que tiveram os nossos pilotos nos céus da Itália, na segunda mundial...

A missão dos pilotos americanos era a de pesquisar as variações da temperatura das águas na foz do nosso grande rio, desde a superfície, até o fundo do mar. Era um vôo muito preciso, muito bem planejado e controlado. Muito parecido com as pernas de vôo de aerofotogrametria que nós fazíamos nos C-130 do 1/6 GAV, em Recife. De dez em dez minutos era lançado um cilindro com a finalidade de verificar as variações da temperatura das águas, de dez em dez metros, informações que eram recebidas pelos sofisticados instrumentos de recepção abordo do avião. Saber as variações dessas temperaturas era única maneira de se saber se um submarino nuclear havia passado por ali, no caso de uma guerra, quando seriam lançados cilindros semelhantes e, se houvesse diferença das temperaturas das águas profundas, era porque por ali havia passado um submarino nuclear... Só não consegui saber se havia algum submarino nuclear, lá embaixo, fazendo parte das pesquisas...

Estas missões estavam sendo realizados em todas as “bocas” dos grandes rios do mundo, pontos de escoamento de materiais estratégicos no caso de numa guerra global, bem como em outras áreas, como campos de explorações petrolíferas nos mares do mundo inteiro.

Não sei se esses “P3-AM” que estamos recebendo, versão militar dos “Electras” parecidos com aqueles utilizados pela VARIG na ponte aérea RIO-São Paulo, entre 1975/92, venham equipados com instrumentos de última geração para caça de submarinos atômicos. O Brasil tem condições de fabricar armamento nuclear, à semelhança da Índia e do Paquistão. Mas são muitos os alegam que isto provocaria uma perigosa corrida armamentista na América do Sul. Até onde vai nossa “independência”, ou nossa “dependência” da tecnologia dos americanos, ou mesmo “dependência” do governo americano, são coisas que eu nunca vou saber... 

Tecnologias avançadas; caças supersônicos; armamento nuclear; VLS (Veículos Lançadores de Satélites), prêmios “Nobel” e outras coisas assim -- não são como bananas que plantando dá...

Coronel Maciel.




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