domingo, 25 de setembro de 2011

SAUDADES DOS MEUS TEMPOS DE CRIANÇA...

Hoje vou lhes contar e cantar a minha Belém gostosa de antigamente, a minha linda cidade morena. Belenense da gema, nascido na Rua Gurupá, na cidade velha, e criado na Dom Romualdo de Seixas, bem atrás do “Hidroterápico”... Naqueles tempos, havia árabes que vendiam gergelins, com seus “teques-teques” de madeira anunciando seus botões e panos; portugueses que vendiam hortaliças; carroceiros, carregadores de piano, peixeiros, leiteiros... Ouvíamos o retinir dos triângulos apregoando cascalhos doces; os “mondubíns torradinhos”... E os cutites, araçás, os uxis, os maris-maris, mangabas que apanhávamos pelos quintais das redondezas? Que vidão foi minha infância...

Havia o tempo dos piões e eu pegava pião na unha... Tempo das petecas, dos papagaios “guinadores”, das rabiolas com linhas super-enceradas... Peladas com bolas de meia, bem em frente de casa... Mas a arma mais “perigosa” que nós tínhamos era a baladeira, que servia para “matar” passarinhos, coisa que meu pai nunca aprovou... Meu pai tinha um revolver bem escondido no seu guarda-roupa; mas nenhum de nós tinha coragem de chegar nem perto... Lembro que uma vez ele deixou algumas balas em cima de um armário, e com muito medo que uma delas explodisse na minha mão, peguei uma, muito “covardemente”...

Se estou fazendo esse arrodeio todo, é para comparar aqueles nossos tempos, com esses tempos modernos... O que fez esse menino de apenas dez anos fazer o que ele fez lá em São Paulo? Semana passada fui novamente ao bar da dona “Cilândria”... Lembram-se dela? Daquele caso que contei “É doce viver assim”? -- Dessa vez foi o “Bigode”, marido dela, que me contou um caso de suicídio... Um rapaz sentou-se, era uma tarde qualquer, pediu uma garrafa de uísque. Bebeu, bebeu, bebeu; pediu um papel e um lápis pro bigode e pôs-se a escrever alguma coisa. Pagou a conta, abriu a porta do carrão importado, deixou lá o bilhete, fechou o carro, pegou um taxi, e foi se jogar no rio, do alto da ponte... Depois se descobriu o motivo: a família descobrira que ele era “gay” e por isso fez o que fez; mas não culpou ninguém... Não sei se o suicídio é um ato de coragem ou covardia... Não sei, nem nunca vou saber...

O que fez esse menino agir dessa maneira? Com certeza alguma ofensa muito grande lhe fez atirar na professora e depois cometer o suicídio; quem sabe alguma brincadeira de péssimo gosto, brincadeiras que, dependendo da personalidade, da individualidade, das suas angústias mais íntimas ou daquela gota d’água que faltava, faz as pessoas perderem a cabeça... Mesmo sendo uma criança... Quem sabe aquela criança não estava precisando naquela hora fatídica de uma ajuda qualquer, de um abraço qualquer, mas a professora, cheia de tantos outros confusos problemas, não captou o apelo, e quem sabe até tenha-se rido dele... Daquela bobagem... Mas isto só ela sabe...

Esta minha rasteira opinião... Desculpem se avancei demais...

Coronel Maciel.

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