terça-feira, 16 de outubro de 2012

Um grande amigo meu: Coronel Corisco!


Foi na época da "Nova República", das eufóricas "esquerdas", da era Sarney... Eu servia no Segundo Comar, em Recife, quando o Brigadeiro Castelo Branco, hoje voando entre as estrelas dos céus, foi intempestivamente "demitido" do Comando, por ordem dos novos donos da FAB... Como eu era seu Chefe de Gabinete, fui "pará' em Belém do Pará... De Belém, logo outra transferência, desta vez para Brasília, quando, revoltado, escrevi um artigo que me proporcionou 15 dias de cadeia, sem fazer serviço... Novo castigo, nova transferência, desta vez de Brasília para o Rio, onde dei meus últimos suspiros na minha querida Força Aérea Brasileira. Desisti; queriam mesmo me “expulsar da FAB; abusaram demais... Mas foi tudo por culpa minha mesmo; culpa dessa minha alma agreste, cheia de arestas. Hoje eu só quero paz no meu coração... “Quem quiser ser meu amigo, que me dê a mão...” rsrsr...

Chegando ao Rio, fui procurar abrigo no cassino da Base Aérea do Galeão. Dando uma olhadinha na lista de hóspedes, lá encontrei o nome do Corisco...:- - É neste quarto mesmo que eu vou ficar, disse para o ”estalajadeiro”... Bati no quarto (eu trazia comigo um violão, duas tristezas na mala e muita saudade de casa...). Corisco me recebeu com um longo abraço:- - Mano velho, você por aqui?!-- Fiquei sabendo das sacanagens que fizeram com você... Seja bem-vindo ao seu novo lar... kkkkkkkkkkkkkkk e soltou uma das suas mais  gostosas gargalhadas!

Corisco já estava um pouco meio "melado" (era um domingo, à noitinha...). Perguntou se eu aceitava um cabo, ou um sargento... (um cabo, queria dizer dois dedinhos de pinga; um sargento... três). Não demorou muito, e já estávamos cantando as músicas do Luís Gonzaga, músicas que ele adorava tanto! Houve uma hora em que ele não resistiu de tanta emoção e largouo maior "Dó de Peito”:- - "Só deixo o meu Cariri... No último pau de arara...” Hoje eu não bebo tanto quanto eu gostava de entornar naqueles tempos. Mas naquela época, sim!-- E bota sim, nisso... Mas eu só gostava de cerveja; ele, de bebida quente! Quentíssima! Rsrsrs. No dia seguinte ele me fez a maior surpresa. - Entrei no quarto e dei de cara com meia dúzia de engradados de “Pilsen Extra”!-- Dúzias e dúzias de “felicidade engarrafada”... Um fogãozinho elétrico para fazer uns tira-gosto e um freezer... Era o bastante pra matar minhas saudades...

Foram boas noitadas de muita conversa e muita seresta durante o tempo em que ficamos hospedados na querida Base Aérea do Galeão. Corisco gostava de lembrar suas hilariantes “histórias” na Força Aérea. Uma delas foi quando ele foi buscar um caminhão no Rio para levá-lo para Fortaleza. No pernoite em Recife, após um noitada boa no bairro boêmio do Pina, ele acordou tarde da manhã "só de meias...":-- Levaram tudo, mano velho...  dizia morrendo de rir...

Ele gostava muito das histórias de Lampião:- - “Volta-Seca”, solte os presos, que o mundo já é prisão... Corisco lembrava o velho Corisco, da turma de Lampião... Daí o porquê dele ser mais conhecido como "Corisco", o nosso saudoso Coronel Intendente Eraldo Correia de Lima, hoje com toda certeza gozando as delícias de morar no céu, quem sabe até um pouco "melado", degustando os vinhos dos Deuses, na companhia dos anjos e das mais belas virgens: brancas, louras, negras, mulatas ou morenas, cantando hinos Gregorianos, nas suas boas noitadas nos céus...

Espere por mim, mano velho!

Coronel Maciel.