sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Velhos tempos que não voltam mais...


Quando leio nos jornais que essa tal Comissão da Verdade quer fazer revisão da história do Brasil durante o período da “ditadura militar”, nos livros didáticos usados nas nossas escolas militares, eu fico pensando: -- Puta merda! -- Por que eu fui seguir a carreira militar. Se eu tivesse seguido a “carreira terrorista” estaria hoje gozando as delícias de estar no topo da lista dos mais bem sucedidos na vida. De ser um “número um” neste Brasil, tão grande, tão amado, tão traído, tão cheio de teses e de fezes; tão fudido! -- Ah se eu fosse um deles! -- Pense, eu hoje chefiando alguma dessas Comissões de Desaparecidos Políticos! Pense, eu hoje chefiando algum Ministério, quem sabe Ministro da Defesa chefiando as Forças Armadas; ou então distribuindo polpudas indenizações a inocentes coitados, “brutalmente torturados pelos gorilões verde-oliva, nos DOI-CODIS da vida”... Nos “porões da ditadura” como costumam ofender a nós, velhos marinheiros, velhos infantes, velhos aviadores! Porões aonde na realidade só iam adolescentes arrependidos por terem sido manipuladas, traídos, seduzidos pelos líderes carismáticos muito bem treinados em Cuba. Porões aonde só iam ingênuos adolescentes criminosamente usados para “buchas de canhão”...

Errei em ter nascido militar; deveria ter nascido um desses terroristas que nunca irão parar de mentir, denegrir, solapar as bases das nossas pobres, desarmadas, desprotegidas, humilhadas, mas sempre dignas Forças “Amadas” do Brasil!

Mas como não adianta nada ficar chorando o leite derramado, acho bem melhor contar aos meus amados ouvintes coisas que eu mais gostava de fazer naqueles meus velhos tempos: voar, voar e voar...

Quando fui gozar as delícias da minha santa reserva remunerada, continuei voando num “poderoso” bimotor turbo hélice, mais conhecido como “Bandeirante”, pertencente a uma empresa de taxi aéreo. Ora transportando cartas, jornais, revistas, Sedex dos correios, nos trechos Natal/Recife/Natal; outras horas transportando turistas de Natal para Noronha. A minha vida era um vidão!

Um belo dia -- era um sábado, dia da nossa folga -- fui acionado para transportar sete turistas Italianos que haviam fretado o tal Bandeirante. Eu estava em plena praia, saboreando deliciosos camarões grelhados, acompanhado de “louras geladíssimas”. Mesmo assim, lá fui eu para o aeroporto cumprir com minhas obrigações...

Na hora do embarque, uma grande surpresa: sete lindíssimas garotas, também “fretadas”, os acompanhavam. Perguntei para o despachante se o embarque das “meninas” estava previsto. Ele disse que não. Mas como o avião estava mesmo fretado, e as garotas eram as coisinhas mais lindas do mundo, autorizei o embarque.

Sempre gostei de tocar violão; gosto de brincar de imitar “o meu grande amigo Frank Sinatra” interpretando “New York, New York”; “My Way”... Mas gosto muito também daquelas músicas do fabuloso Nelson Cavaquinho; do Lupicínio; só não gosto de pagodeiras, mesmo esses pagodes metidos a românticos...

Mas voltando ao assunto; durante o voo, (parece que voo não tem mais acento) com o avião nivelado, voando calmamente em cima das nuvens, quando vem uma das meninas, completamente “à vontade”, com aquele perfume de mulher, me perguntar se elas poderiam fazer um desfile pelo corredor do Bandeirante. Ora, o corredor do Bandeirante vocês sabem o tamanho que ele é... 

Aprovei de imediato a grande ideia; mas nas seguintes condições: desde que elas viessem até bem pertinho das manetes, para que eu pudesse avaliar melhor seus dotes físicos na passarela...  Elas riram e iniciaram o desfile... Beleza de desfile... Os italianos deliravam... Voavam...

Passamos uma noite e tanto em Noronha. Arranjei logo um violão e nos divertimos muito. “Amore, amore”, cantavam os Italianos. -- New York, New York, cantávamos todos nós! Nunca vi tantas latinhas de cerveja na minha vida.  

No regresso para Natal, domingo de tardezinha, voando num topo bem definido, mostrando lá longe o sol transformando seu ouro-azul em carvão, quando uma das meninas, gritando, exclamou: -- Acaba agora não, mundo bom!

Velhos tempos que não voltam mais...

Coronel Maciel.