terça-feira, 26 de março de 2013

Como é difícil ser "Comandante"!


Nunca fui Comandante. Mas já trabalhei diretamente com grandes comandantes. Comandei aviões; foram mais de doze mil horas de voo, sem nunca haver “arranhado” nenhum dos “meus aviões”. Aviões devem ser pilotados com muito carinho, com muita “finesse”, como se fosse a mulher amada (vacilou, cachimbo cai...). No comando de um avião as decisões precisam ser rápidas e certas. Não adianta decisões rápidas, mas erradas; qualquer vacilo pode ser fatal.

 Sempre fui muito mais aviador que oficial. Mas sempre fui promovido por merecimento; embora, algumas vezes, tenha sido necessário recorrer; e sempre ganhei nos recursos.  Minha alma é cheia de arestas. Sou de poucos amigos e de difícil convivência. Acho que quem tem muitos amigos, acaba sem ter nem um “grande amigo”.

Nunca fui “Comandante”, mas consigo imaginar a grande solidão dos que comandam. Quantas vidas em suas mãos! Ouvi dizer -- e quem me dera não fosse verdade – que ordens superiores proibiram qualquer manifestação, em qualquer unidade militar, lembrando o que aconteceu naqueles idos de 64! Neste caso, manda quem pode; obedece... quem não tem juízo... (Opinião de quem nunca comandou...)

Imagino o quanto é difícil ser “ator”. Imagino também o quanto é difícil aprender a não sermos nós mesmos! O quanto é difícil representar. Aprender a violentar-se; a trair seus pensamentos; suas emoções pessoais; seu caráter; o quão triste deve ser aprender a fugir dos olhares críticos dos filhos, os nossos mais incorruptíveis e inexoráveis julgadores! Quem obedece cegamente acaba se perdendo pelas dobras dos caminhos.  Não devemos renegar os nossos heróis do passado, alguns deles vivificados no presente e todos necessariamente renovados no futuro!

Depois de havermos aprendido ao longo de toda uma vida que a verdade deveria ser um dos três pilares da nossa vida militar, não é possível acreditar que aqueles nos comandam, de repente estejam empolgados pela descrença e exclamem:- - Não! -- Deixemos que as mentiras; deixemos que as ilusões tomem conta das almas fracas; elas são incapazes de conviver com a claridade. Deixemos todos nos braços da escuridão! Tudo pela governabilidade do país! Ruim com esses que agora nos governam, pior sem eles. Afinal, quem para substituí-los? -- se todos, salvo as raríssimas exceções de sempre, estão mergulhados na lama da mediocridade e da mais severa corrupção!

Queiram ou não queiram os nossos adversários: os melhores dias foram aqueles quando éramos felizes e não sabíamos...

Mas:- - Ai dos vencidos! – Vencidos, mas sem nunca esquecer que o ser servil, também traz seus perigos...

Fiquem com Deus. Militares nunca mais!

Coronel Maciel.