terça-feira, 15 de outubro de 2013

Gosto mesmo é de matar moscas!


Eu não teria coragem (e com certeza nenhum de vocês, dos senhores, ou dos nossos militares) de cometer o mais simples assassinato. Gosto mesmo é de matar moscas! Mosca eu não refresco!  Mas sou a favor da pena de morte. Tinha um cachorro, vizinho meu, que enchia o meu e o saco da vizinhança toda; de dia e de noite também. Um belo dia bolei um cuidadoso plano, o que seria “um crime perfeito”. Comprei um fortíssimo veneno, duas deliciosas linguiças, preparei tudo bem preparado e bem escondido. "Elementar, meu caro Watson!" Mas na hora de “H”, tremi nos calços; acovardei-me (?).

 Passado o susto, uma verdadeira tortura que eu mesmo me submeti, passei até a gostar dos latidos do cachorro. (Apresso-me a dizer que não sou nenhum santinho não...)

Vou lhes contar muito rapidamente um caso e o porquê de eu ser a favor da pena de morte. Quem nunca foi deve ir logo, correndo, voando antes que acabe. Vá logo conhecer uma das regiões mais belas do Brasil. A fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. A divisa é feita pelo caudaloso Rio Oiapoque. Na sede do município havia um Pelotão de Fronteira, onde pernoitávamos. Era um dos vários Pelotões que apoiávamos, com os nossos valorosos Dakotas, os “gigantes” C-47. Apoio total, do Oiapoque ao distante Guaporé.

Foi numa dessas travessias feitas numa "voadeira" que -- desviando-se das perigosas pedras que se escondiam nas suas águas negras -- nos levava para compras “domésticas” em “Saint George”:- - Uma ou duas garrafas de bom vinho francês, perfume para fazer média com a “madame”; queijos, e outros inocentes “contrabandos”. Os franceses que eram pagos para morar em Saint George, na grande maioria uns enormes “criolões”, tão altos quanto “preguiçosos”, não conseguiam entender o que era inflação. Os preços eram sempre os mesmos, mas em francos. Eram pagos regiamente pelo governo francês para viverem numa boa por lá, mas bem longe do conforto e das delícias de Paris. Eles também vinham fazer suas pequenas compras do lado brasileiro.

Pois bem; foi numa dessas travessias, conversando sobre a distante cidade de Natal, que um senhor se aproximou de mim e me falou que era “Natalense”, mas que agora estava morando assim meio escondido por aquelas bandas.  Mas que sentia imensa falta de seus amigos e familiares que moravam em Natal. Na realidade ele era um fugitivo da justiça. Pediu-me para uma conversa reservada, e me contou seu caso, caso que tem muito a ver com esse tal “Kit Gay” que o PT queria  distribuir pelas nossas escolas. Foi assim o seu doloroso caso:- - Matei um traficante em Natal que havia viciado e seduzido sexualmente meu filho de menor idade. -- Da primeira vez, me disse ele, mandamos o menino para fazer um longo tratamento de desintoxicação no Rio; na volta foi novamente provocado e seduzido, quando então resolvi matar “o filho da puta”.  E por isso agora vivo aqui, fugindo da nossa justiça, que é cega.  À noite continuamos a conversa num bar, onde ele me contou muitos outros detalhes do caso. E só me contou por que ficou sabendo na conversa que conhecia a família da minha mulher, que é também natalense.

Fiquei logo do seu lado, dizendo a ele que, se quisesse, eu poderia falar com o Comandante do Pelotão, meu amigo e velho conhecido, que com certeza lhe daria todo apoio naquela sua triste condição. Caso contrário, eu seria obrigado a lhe dar voz de prisão, disse brincando. (Será que eu tinha mesmo que lhe dar voz de prisão?).

Estou contando este caso, pois com certeza “meu crime” já prescreveu, pois lá se vão mais de 30 anos. Contei o caso ao Capitão comandante do pelotão, que também aceitou ser “cúmplice”.

Dei partida no meu “Dakota”, decolei para Belém, e nunca mais fiquei sabendo a reta final daquela triste caso.

Sou contra a pena de morte, a não ser em casos assim...

Coronel Maciel.

 

 

 

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