(A mocidade tem cura...
e os amores são como sonhos: chegam sem ser esperados...)
São historinhas “água
com açúcar” essas minhas; mas às vezes amargas como lágrimas. O Peixoto de Melo
era um Tenente-Aviador-Padrão! Calças
sempre vincadas; sapatos engraxados; barba e cabelo à moda cadete. Disciplinado
e disciplinador, repetindo os “jargões” muito usados nas fichas de conceito
remetidas para a famosa Comissão de Promoção de Oficiais -- CPO. Era o Oficial de Operações do 1/5 Grupo de
Aviação.
Capim Macio naqueles
tempos não tinha nada; só umas simples casinhas próximas do stand. Hoje, não!
Hoje Capim Macio tem tudo “e de tudo”. O trânsito, infernal; “pirulitões” de
vinte andares por todos os lados. Como bairro cresceu. Havia uma pequena pista
que era utilizada pelos aviões do Aeroclube; depois, utilizada como Stand de Tiro,
para treinamento das tripulações de B-26 e T-6; hoje, é pista de Aeromodelismo.
Um dia, e lá se vão muitos e muitos anos,
decolaram para uma missão de Tiro em Alvo Terrestre (TT), o Peixoto de Melo e o
tenente Schimdt (Schimitão, como carinhosamente era chamado; se não me engano,
era “zero um” de turma) e o mecânico de voo, cujo nome não me recordo agora,
mas que foi protagonista de outros acidentes nos B-26.
Não sei qual foi o “imbecil” que resolveu
instalar próximo à chave geral dos magnetos, outra chave, a "Gun/Camera"
que, por medida de segurança contra disparos no "sereno", era
desligado e só deveria ser ligado na inicial do tiro e com o alvo no visor.
Havia algumas casas de pescadores nas proximidades do stand e muitos
jangadeiros no mar, na direção da “recuperação”. A “G/C” desligava o circuito elétrico das
metralhadoras. Logo após o tiro, o circuito era desligado, como medida de
segurança, durante as pernas do circuito.
Numa dessas
recuperações foi desligado -- não a chave das metralhadoras, mas sim a chave
geral dos magnetos -- provocando a perda imediata e total dos motores. Fico a
imaginar o drama dos pilotos, durante os procedimentos de emergência, sem tempo
útil para pesquisa daquela inusitada parada de ambos os motores.
O mecânico ainda teve tempo de se
"livrar" do macacão de voo e dos butis; os pilotos, não. Fizeram o
pouso no mar, na praia de Areia Preta, sob a vista de centenas de banhistas,
que não puderam socorrê-los. Ficaram sobre as asas do avião, acenando por
socorro, enquanto o avião afundava, afundava e afundava; e afundava com ele, os
pilotos. O mecânico salvou-se.
Dizem que em aviação só
o perfeito é aceitável. Para mim, e para todos que os conheciam, aqueles dois
perfeitos oficiais-aviadores eram pilotos perfeitos!
Coronel Maciel.
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