segunda-feira, 26 de maio de 2014

Males que vêm pra bem...


Há males que vêm pra bem, é o que sempre dizia minha querida vovozinha, lá em Belém do Pará, minha doce, quente e úmida cidade morena!  Minha vó ia todos os dias, de manhã bem cedinho, rezar suas missas lá na “Capelinha de Lurdes”, pertinho da casinha branca onde morávamos. Eu e mais oito irmãos e irmãs. Na rua de terra batida que era a Rua Dom Romualdo de Seixas, com seus postes plantados no meio da rua; onde empinávamos papagaios “guinadores”; onde jogávamos petecas, pegávamos pião na unha, jogávamos peladas no meio da rua e onde verdadeiramente vivíamos  “na minha infância querida, que os anos não trazem mais...”.

Eu nunca gostei de ir às missas, embora já tenha sido até “coroinha”, danado coroinha, que sabia de cor e salteado aquelas misteriosas frases e rezas em latim. Minha vó queria que eu fosse padre! Pensem...

Felizmente acabei me tornado um verdadeiro “ás da aviação”! Foram milhares de horas voando em perigosas acrobacias, tiros e bombardeios, embaixo de nuvens, ou voando pertinho dos anjos, das anjas, dos santos e santas dos céus, divinos lugares onde, quem sabe? -- minha vó e minha querida mãezinha estejam agora gozando de suas delícias e rezando por mim, por vocês, por todos nós.

Há males que vêm pra bem...  É o caso dessa famigerada Copa do Mundo. Copa do Mundo de obras inacabadas, onde rola a bola quadrada da mais completa desordem; da eterna roubalheira; onde tanto do nosso dinheirinho está sendo desviado para o fundo das redes dos bolsos dos cartolões da FIFA e do nosso futebol.

Males que vêm pra bem!  Males que haverão de mostrar ao mundo esse verdadeiro inferno que se transformou o Brasil, um Brasil hoje tão diferente daquele “céu” que era o Brasil, o Brasil daqueles tempos quando éramos felizes e não sabíamos...  

Coronel Maciel.

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