sábado, 16 de agosto de 2014

Velhos tempos da "Aviação Romântica".


Pois é, Paulo Pinto, vulgo PPI... Aconteceu também comigo! Na mesma noite-madrugada da minha viagem para Campos, enquanto todos os nervosos cadetes se preparavam, cuidadosamente, para a tal viagem, eu me encontrava em Marechal Hermes, numa festinha de aniversário de uma “menina” que conheci naqueles bailes no nosso cassino, naqueles amorosos fins de semana, única alegria dos “laranjeiras”. Para quem não sabe, laranjeiras eram os cadetes nascidos longe do Rio e que não tinham para onde ir nos fins de semana, como eu, nascido na distante Belém do Pará.

Decolei no meu lindo T-6 e, feliz da vida, segui a tal “rota do litoral”, pois me haviam dito que cruzando o Rio Doce, lá se encontrava a linda cidade de Campos dos Goitacazes. Só que não estava na foz do rio, como eu esperava. Rodei, rodei e rodei e não encontrei Campos. Foi quando resolvi consultar a carta de navegação WAC, que tanto você conhece. Mas, como a capota do T-6 estava aberta, lá ela se foi, sugada pelos ventos, a minha última esperança de encontrar Campos.

Voltei e pousei em Saquarema, um dos locais de controle da viagem. O tenente controlador, surpreso, perguntou o que tinha acontecido, e depois de rápidas e risíveis explicações, perguntei se eu podia “roubar” um pouco do seu combustível, pois eu estava com muito “medo” de sofrer uma pane seca, caso prosseguisse para os Afonsos. Pedido negado e decolagem não só autorizada, como  “obrigada”...

Decolei, como se diz, com “o cu na mão”. Tanto que pousei nos Afonsos com o olho da bruxa aceso. O Coreixas, Major Coreixas, -- chefe do Estágio Avançado, bastante meu conhecido (foi meu “checador”) -- chamou-me para explicações, quando lhe contei tudo, tudo, tudo, inclusive a tal festinha, pois nunca gostei de mentir.

Mas quase que eu fui encaminhado para uma “conversinha baixa” com o “Lobão”. Felizmente fui salvo pelo Coreixas. Tanto é que acabei saindo Aspirante-Aviador, hoje com minhas treze mil horas bem voadas e -- como gato escaldado tem medo de “entrar em fria” -- nunca mais me perdi e, modéstia à parte, durante todo esse tempo nunca dei o mais leve arranhão “nos meus aviões”, os quais, como todos nós sabemos, devem ser tratados como devem ser tratadas todas as mulheres do mundo:- - Com muito cuidado; com muito carinho; com muito amor; com muita “finesse”,  se não... “a casa cai”... Ou melhor, o avião cai... kkkkkkkk

Coronel Maciel.

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