sábado, 28 de fevereiro de 2015

Pilotos apaixonados.

Vicente Carvalho, grande poeta pensador, dizia nos seus antigos versos que a felicidade existe, sim: -- Mas nós não a alcançamos /Porque está sempre apenas onde a pomos / E nunca a pomos onde nós estamos.
Eu, um sonhador Capitão-Aviador, pilotando meu velho “Dakota C-47”, acabava de pousar em Amapá, uma cidadezinha bem pequenina ao norte de Macapá, no rumo de Oiapoque, lá no extremo norte do Brasil, à serviço do Correio Aéreo Nacional da Amazônia. Erguida ao lado da também pequenina pista de pouso, estava uma barraca de “Sobrevivência na Selva”, desta que costumávamos levar para o caso de pouso de emergência na interminável, linda e perigosa selva amazônica. Surpreso, indaguei do sargento comandante do Destacamento quem seriam seus felizes habitantes: um casal de “hippies assim meio adoidados” que há poucos dias resolveu lá erguer seu novo lar.  -- Fui lá, devagarinho, bem devagarinho, bater um papo com aquele casal de “adoidados”.
Vocês jamais poderiam imaginar quem: -- Era o “Pi”! -- o meu amigo Pi; o aluno 57-39 João Baptista Vieira de Souza, que, cansado de  pilotar  sempre e eternamente pra lá e pra cá  um novíssimo B-727 da VARIG, pedira suas contas,  como pedira da FAB, e resolvera, sempre acompanhado da sua amada digníssima, passar o resto de suas noites  e dias vivendo de amores  sussurrados pelos ventos...
Após um longo e fraternal abraço, aproveitamos para dar um balanço em nossas vidas: -- eu, continuava a ser um ébrio-piloto-sonhador-apaixonado; ele, um ex-capitão-aviador, que, cansado de pilotar os melhores aviões do mundo, aviões que eu vivia sonhando pilotar; ele, agora olhando com saudades o meu velho amigo Dakota -- Eu, sonhando em ser um “Comandante Internacional da VARIG”; ele me dizendo que daria tudo para voltar a ser outra vez um anônimo, pobre, paupérrimo, capitão- aviador.
Como na vida a rotina sempre cansa, o meu amigo “Pi”  também cansou de ser “hippie” e  voltou a voar, agora piloto de helicóptero, à serviço da PETROBRÁS, quando a  “bruxa” enamorou-se dele, caiu no mar no litoral do Rio Grande do Norte e hoje ele voa, ou “ergueu sua barraca” nos ares dos nossos céus sempre estrelados.
Coronel Maciel.


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