sexta-feira, 29 de maio de 2015

Bons tempos aqueles na Amazônia.

Uma vez, era meio dia, debaixo de um sol ardente; índios, padres, freiras, arcos, flechas, papagaios, periquitos, cachorros magros, todos aguardavam o embarque em Uaupés, São Gabriel da Cachoeira, alto Rio Negro, quando uma voz “ecoou”:- - Peeeeega o veado! -- Cachorros magros, índios, saíram em disparada atrás do coitado, que, sentindo-se perdido, voltou do meio da pista de pouso e pulou a cerca de proteção dos tambores de combustível e, na queda, quebrou o pescoço. Consultado o tenente médico, achamos melhor aliviar sua dor...
Fiquei na dúvida se encerrava ali mesmo a missão daquele dia, ou se prosseguia para Jauaretê, na “Cabeça do Cachorro”. Resolvi prosseguir, mas sem antes deixar o guarda-campo com importantíssima missão: deixar tudo pronto para o “churrasco”. Voltamos de tardezinha, e, nas margens daquele majestoso  Uaupés, continuação do Rio Negro; vendo ao longe o morro da “Bela Adormecida”; curtindo o cabecear dos últimos cochilos daquela tarde que morria, saboreamos um suculento churrasco de veado, regado -- e por que não dizer? – com muita  cachaça, cerveja e viola.
Após os pernoites, antes das decolagens, éramos solicitados a escrever no “Livro de Hóspedes das Freiras” algumas linhas, alguma coisa, uma simples mensagem; um agradecimento qualquer. Eu sempre gostei do meu "radinho de pilha"; até hoje... Fiquei sabendo naquele dia, pela "Voz da América", que os americanos haviam lançado a nave espacial "Columbia". Então, aproveitando a "deixa", e após os agradecimentos de praxe, finalizei assim minha mensagem: -- "No mesmo dia em que a nave Columbia partiu para seu primeiro voo orbital em volta da terra, outra nave, mais bela, mais velha e mais querida, orbitará também e orgulhosamente os céus amazônicos, e qual  gigantesco pássaro audacioso, soltará  na amplidão da floresta gigantesca suas asas prateadas, transportando cargas cheias de renovadas esperanças:  cartas, bilhetinhos de amor, remédios, jornais, antigas revistas...
E, para solenizar aquele inesquecível momento, terminei o meu “discurso” com a seguinte "estrofe", em rima brincalhona:
E a nave Columbia, lá do alto, lá do céu,
Não se cansa de dizer: Oh! Dakota, meu irmão,
Que sejas sempre fiel,
Ao capitão Maciel, e sua tripulação.
Coronel Maciel.





Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Coruja! Sentimos a falta do senhor no PM (Portal dos Pinto Murcho). O Paulo estes dias sentiu a tua ausência e me perguntou por ande andas. Um Fraterno Abraço do Seu Co-piloto maluco Sgt Maciel.