segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Economia de palitos.



Economia de palitos.
Foi na época dos meus bons tempos na minha querida Força Aérea Brasileira, quando fui acionado para decolar “imediatamente” num Hércules C-130 do GAV-6, direto de Recife para Florianópolis; e de lá direto para Rio Branco, no Acre, transportando um helicóptero H1H, para executar o resgate de “duas vítimas” que estavam num monomotor acidentado num local de tão difícil acesso que todos os esforços com os recursos locais se mostraram insuficientes.
A aeronave acidentada estava regressando dos Estados Unidos, onde fora adquirida por um rico fazendeiro residente no interior de São Paulo; o acidente ocorrera há uns quatro dias. Fui como "observador curioso" observar o resgate feito pelo H1H.  O piloto acidentado era um jovem instrutor de voo de Aeroclube, com pouquíssima experiência de voo, e que nunca havia sobrevoado a densa floresta Amazônica.  Era a primeira vez que fazia uma viagem tão longa e tão difícil. Os dois estavam por demais abatidos, física e moralmente. Mas também, pudera: depois de passar quatro longos dias e noites sendo ameaçados por cobras, urubus, onças e jacarés; levando ferroadas de bilhões de mosquitos que os atacavam em voos de esquadrilhas por todos os ângulos, buracos e lados; um verdadeiro inferno.
A primeira coisa que o rico fazendeiros fez ao chegar são e salvo em Rio Branco, foi correr ao bar do aeroporto e pedir uma garrafa de uísque, dos bons, servindo-se de generosas doses, e perguntando-me se eu também queria saborear algumas, mas disse-lhe, brincando (na realidade eu estava também “doido” para me servir de algumas) que “quando eu ia pilotar, não bebia”...  Todos sãos e salvos, ficamos conversando, eu, o piloto e o fazendeiro. O piloto, coitado, muito novinho, procurava se desculpar de suas “falhas operacionais”, enquanto era severamente criticado pelo fazendeiro, que o acusava de ser um despreparado e haver perdido o controle, tanto de si, como da aeronave, novinha em folha; zero KM, que ficou atolada no brejo.
 Eu só fazia ouvir; mas aos poucos fui ficando do lado do acuado piloto; eles haviam ressuscitado dos infernos.
 Após o quê, me posicionei do lado do piloto, este sempre na defensiva dos ataques do fazendeiro, que era, além de muito rico, muito arrogante e autoritário. Disse-lhe, procurando aliviar a tensão, que ele se comportara como certas mulheres que erram na escolha do marido, mas acertam na escolha do amante:-- quanto mais musculoso, grosso, burro, mas bonitão, melhor... Despedimo-nos e decolei de volta para “Floripa” e Recife.
Parece que coisa semelhante, uma verdadeira metáfora aérea, aconteceu com o avião da “LaMia”:- Em vez de contratarem um avião maior, melhor e logicamente mais caro, mas voando direto de São Paulo para Medellín, não!  Parece até que os dirigentes do time da Chapecó, pressionados pela “Conmebol”, esta sempre muito “interessada” nos voos da “LaMia”, preferiram fazer uma “economia de palitos”...
Coronel Maciel.

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