quarta-feira, 21 de junho de 2017

Solidão.

Ao longo desta minha longa vida, hoje estirado nesta minha longa rede branca, onde passo “noites e dias ao vento”, conheci as mais diferentes figuras e “personalidades”; desde velhos “pajés” pelas tribos de índios, onde também conheci missionários das mais variadas procedências, principalmente da Alemanha, homens abnegados que trocaram suas boas vidas no primeiro mundo pelas rudes vidas na floresta amazônica, cortada por tantos rios, furos e igarapés. Vivendo num clima tão adverso, tão quente, tão úmido, ao lado das mais perigosas mordidas de cobras e mosquitos venenosos.  Conheci as mais variadas figuras civis e militares, dos mais estrelados aos que nunca possuíram estrelas nenhuma. E cheguei à conclusão, depois de bem observá-los, que todos eles “e elas”, assim como todos nós, ricos ou pobres; felizes ou desgraçados; “sábios” ou ignorantes; bem ou mal amados, todos mostram as nossas mesmas virtudes e defeitos; todos voando rumo a um mundo até hoje desconhecido!
Pessoas que gostam de solidão, como eu, costumam se apegar às amizades mais superficiais; é quando então eu pego o meu carrinho e vou conversar com aqueles velhos marinheiros; aqueles velhos pescadores do “Canto do Mangue” aqui em Natal.  Lá eu conheci uma dessas amizades, hoje um velho amigo meu, que vive quase no mais completo abandono, “escondido” num quartinho onde tem sempre uma vela acesa, tudo à “cento e cinquenta” por mês. E ficamos horas esquecidas quando ele me conta suas histórias, histórias do “Lampião”, do “Getúlio”; histórias da sua vida (ele nunca entrou num avião), vida repleta de crimes, de jogos de baralho, dominó, sinucas, amores proibidos, tudo do pior e do melhor!  Sua vida daria um romance, um romance tipo “Inferno de Dante”! De uma magreza infinita, pergunto qual sua idade, e ele: não sei direito; só sei que já passei dos noventa. Quando você nasceu, em 1940, lá no seu Belém do Pará, eu já tinha mais de vinte anos...
Hoje lhe contei que o príncipe Filipe da Rainha da Inglaterra está com seus 96, anda meio adoentado, mas sempre vivendo “numa boa”, dizendo-lhe que não sei se ele já fumou “maconha”, depois do meu amigo dizer que a pior coisa do mundo é a “solidão”, e a melhor, os seus dois ou três cigarros de maconha que ele fuma todos os dias: um de manhã, um de tarde, outro de noite, antes de dormir...kkk
Coronel Maciel.


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