Gente humilde.
Não gosto quando
alguém, bem no meio da rua, dá um grito, bem alto, me chamando: -- Ei, “Coronel”...
Gosto mesmo é de andar de bermuda, alpercata de rabicho, anônimo, só, no meio
da multidão! Às vezes, quando não tenho nada p’ra fazer, como agora, depois que
parei de voar, pego o meu Fiatizinho branco, podia até ter um carrão, mas não, e
vou lá p’ro “Canto do Mangue”, apreciar as chegadas e saídas de navios levando
nossas riquezas, melões, bananas, e outras das nossas, para os europeus comerem.
Depois eu fico conversando conversa fiada com os pescadores, que me conhecem
como “o piloto aviador”, quando passo a contar minhas mentiras sobre aviões, e
eles as suas, sobre peixes. E conversamos manhãs inteiras. Dia destes eu
perguntei se é o Sol que gira torno da Terra, ou “vice-versa”. Um deles ficou
me olhando, o mais embriagado, por certo pensando se eu estava mangando deles,
e respondeu em cima da bucha e um fortíssimo “bafo de cana” (da boa!): -- Que
pergunta é essa, “Piloto”, não tem força no mundo capaz de mexer com a Terra!
-- É o Sol! -- “É o Sol que gira, gira, de porre e sem parar...”, e deu a maior
risada! E fiquei pensando naqueles
tempos do Galileu Galilei, quando os Cardeais da época mandavam queimar nas
labaredas das fogueiras medievais aqueles que ousavam discordar deste nosso
velho e sábio marinheiro... kkkk
Coronel Maciel.
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